A avaliação é que o ambiente político não é mais propício para o retorno dos dois ministérios. Segundo líderes ouvidos pelo blog, a recriação disparou uma disputa pelos comandos das pastas, e grupos ligados ao presidente Jair Bolsonaro passaram a divulgar que a medida era a volta do toma lá dá cá, uma pressão de partidos do Centrão para votar projetos de interesse do Palácio do Planalto.
Esplanada dos Ministérios, em Brasília, em imagem do dia 2 de janeiro de 2019 — Foto: TV Globo/Reprodução
Um líder disse ao blog, de forma reservada, que inicialmente a volta dos dois ministérios era uma forma de pacificar a relação com a base aliada, entregando o Ministério das Cidades para um nome com bom trânsito junto ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e partidos do Centrão. Só que, logo depois, a medida passou a ser bombardeada.
“Agora, o que era uma solução, virou um problema. Então, talvez a melhor decisão seja desistir da proposta”, acrescentou.
Uma decisão deve ser tomada ainda nesta terça-feira (21), em reuniões de líderes e conversas com o presidente da Câmara. Maia já disse que não tem interesse em indicar nenhum nome para a pasta das Cidades, exatamente porque a medida passou a ser atacada por grupos ligados ao presidente Jair Bolsonaro.
A votação da MP pode ser nesta quarta (22), ou ficar para a próxima semana. cursos especiais+
Recriação das pastas
Os ministérios das Cidades e da Integração Nacional faziam parte do desenho do governo no mandato do ex-presidente Michel Temer. Desde que assumiu, Bolsonaro, por meio da medida provisória 870, redefiniu a estrutura da Esplanada, fundindo algumas pastas. Nesse processo, Integração Nacional e Cidades deixaram de ser ministérios independentes.
No entanto, na comissão do Congresso que analisa a MP, parlamentares aprovaram a recriação dos dois ministérios.
A iniciativa gerou atrito com o Palácio do Planalto, que quer manter a atual configuração da Esplanada.