O objetivo da plataforma é fortalecer lideranças femininas, no contexto das finanças sustentáveis.
O Ministério da Fazenda do Brasil promoveu, em Sevilha, na Espanha, atividades no âmbito da 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento (FfD4) com a intenção de fortalecer a articulação da Plataforma Global de Mulheres Líderes em Finanças, nos dias 30 de junho e 2 de julho. O objetivo da plataforma é fortalecer lideranças femininas, no contexto das finanças sustentáveis, com vistas a direcionar políticas e investimentos que promovam impacto na redução de desigualdades, sobretudo, de gênero.
A programação reuniu lideranças femininas de governos, organismos multilaterais, setor privado e academia em dois momentos complementares: uma roda de conversa, em 30 de junho, e um evento paralelo realizado no dia 2 de julho. Durante a roda de conversa, estruturada em formato aberto e participativo, estiveram presentes representantes de diferentes organismos multilaterais, acadêmicos e membros da sociedade civil, incluindo lideranças de instituições como o Banco Mundial, a Cooperação Andina de Fomento (CAF), o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN-Habitat), o Fundo das Nações Unidas para Desenvolvimento de Capital (UNCDF na sigla em inglês), a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Oxfam, Plataforma CIPÓ, Banco do Brasil, entre outras. As convidadas contribuíram para enriquecer o diálogo sobre caminhos para consolidar e institucionalizar a Plataforma como uma rede global de articulação, formação e troca de experiências entre mulheres que atuam em finanças.
O evento paralelo contou com dois painéis temáticos. No Painel 1, “Financiamento da Transição Sustentável”, mediado pela diretora de Estudos Internacionais do IPEA, Keiti Gomes; com o chefe do Secretariado da Iniciativa We-Fi do Banco Mundial, Wendy Teleki; diretora de Public Policy do Grupo Santander, Gloria Hervas; assessora do presidente do BID, Diana Rodríguez; e pela Secretaria-Geral da CAF,Alejandra Claros. Já o Painel 2, “Estado para o Futuro”, moderado por subsecretária de Política Fiscal do Ministério da Fazenda, Débora Freire, contou com a embaixadora para o Financiamento do Desenvolvimento da Espanha, Mónica Colomer; com a oficial sênior da ONU (UN-DESA), Maria Fernanda Valdés; a diretora do UCL Institute for Innovation and Public Purpose, Mariana Mazzucato; e com a presidente do IPEA, Luciana Servo.
Na abertura, a Assessora Especial do Ministro da Fazenda, Fernanda Santiago, destacou que toda política econômica é um meio para promover impacto social e reforçou o compromisso do governo brasileiro com uma abordagem transversal de gênero. Em sua intervenção, Santiago apresentou políticas voltadas a enfrentar a desigualdade de gênero, que têm sido lançadas no Brasil, como os dispositivos de equidade de gênero na Reforma Tributária, o Plano Nacional de Cuidados, o Plano Plurianual 2024–2027, que integra cerca de 40 programas voltados à autonomia financeira e o Plano de Transformação Ecológica, como um instrumento de redução de desigualdades, inclusive, entre homens e mulheres.
Debates reuniram lideranças de destaque
Durante a participação da representante do Banco Mundial, Wendy Teleki, ela destacou a importância de alinhar os projetos de investimento a ações coordenadas em campo e de adotar uma abordagem integrada às políticas institucionais: “Grande parte do nosso trabalho, seja com instituições financeiras ou com agências de compras públicas, tem mais impacto quando pensamos em como suas políticas e estruturas institucionais funcionam para as mulheres — tanto como clientes, fornecedoras, quanto como colaboradoras. Precisamos ter uma abordagem holística, porque se nossas próprias organizações não tiverem uma perspectiva interna adequada para considerar as mulheres, também não serão capazes de atender às necessidades das mulheres externamente.”
Na mesma linha, Diana Rodríguez enfatizou a necessidade da construção de indicadores sustentáveis que contemplem a inclusão para garantir transparência e segurança jurídica aos investimentos sociais: “Essa falta de clareza não apenas afasta investidores institucionais, mas também eleva os riscos de social washing, greenwashing ou sustainable washing. Essa clareza é essencial para que os investidores possam mitigar riscos.”
Alejandra Claros reforçou o papel do bem-estar social dentro do conceito de desenvolvimento sustentável e a responsabilidade de quem já ocupa posições de liderança: “Não podemos nos esquecer, no financiamento do desenvolvimento, de outro elemento fundamental do conceito de desenvolvimento sustentável, que é o bem-estar social. E dentro do bem-estar social estão as questões do cuidado e da justiça social. O que nós aqui podemos oferecer como contribuição é poder ajudar outras mulheres que hoje ainda não ocupam a mesma posição.”
As palavras de encerramento foram da subsecretária de Desenvolvimento Econômico Sustentável do Ministério da Fazenda, Cristina Reis, e da diretora executiva da ONU-Habitat, Ana Cláudia Rossbach. Elas reforçaram a importância de avançar na governança internacional do financiamento ao desenvolvimento com foco em justiça social e igualdade de gênero.
Rossbach destacou a importância de que mulheres ocupem posições de liderança, uma vez que quando nessa posição, são responsáveis por melhorar as condições de vida das demais mulheres a seu redor:
“Creio que para aumentar o impacto das finanças sobre as mulheres, para fazer com que o dinheiro chegue até as mulheres que precisam, necessitamos de mais mulheres no poder. A política de moradia brasileira é um exemplo: uma experiência que começa no município de São Paulo, impulsionada por mulheres líderes comunitárias, que consiste em promover o título de propriedade no nome das mulheres. E depois a política passa a ser implementada nacionalmente por conta de uma cadeia de mulheres. E por que isso aconteceu? Porque tivemos uma ministra mulher, uma mulher chefe da casa civil, que depois se tornou nossa presidenta. Isso significa muito, é uma experiência que exemplifica como necessitamos de mulheres no poder.”
Plataforma conecta e valoriza lideranças femininas
Essa articulação foi oficialmente lançada em setembro de 2024, durante a 79ª Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque. Desde então, vem se consolidando como um espaço para conectar mulheres em finanças públicas, privadas, organismos multilaterais e universidades. Em maio de 2025, a iniciativa promoveu um encontro no Seminário Regional de Política Fiscal da Cepal, em Santiago do Chile, onde reafirmou que a importância de mulheres gestoras de finanças na transformação ecológica para garantir decisões que impactem em redução de desigualdades, sobretudo, de gênero.
Os encontros em Sevilha reforçam esse compromisso, alinhando a Plataforma aos esforços do Brasil na presidência do G20, à Agenda 2030 da ONU e à próxima COP30, que será sediada em Belém.
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Fonte: Ministério da Fazenda