Encontro promovido pelo MCTI reuniu membros do BRICS para debater avanços em supercomputação e IA com foco em cooperação científica e desenvolvimento tecnológico
Nos dias 17 e 18 de maio de 2025, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) recebeu a 9ª Reunião do Grupo de Trabalho do BRICS sobre Computação de Alto Desempenho (HPC) e Inteligência Artificial (IA). O evento aconteceu no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis (RJ), sob coordenação do diretor, Fábio Borges de Oliveira.
A reunião contou com a presença de pesquisadores e representantes da África do Sul, Brasil, China, Emirados Árabes Unidos, Índia, Irã e Rússia. O encontro teve como foco principal o intercâmbio de experiências, o debate sobre avanços tecnológicos e de parcerias estratégicas em HPC e IA, setores considerados cruciais para o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico das nações do BRICS.
A cerimônia de abertura iniciou com a mensagem da ministra do MCTI, Luciana Santos, que destacou o papel do Brasil na presidência rotativa do BRICS em 2025. O diretor do LNCC deu as boas-vindas às delegações presentes e destacou a honra da instituição, sediada no LNCC, em Petrópolis/RJ, em recebê-las, no contexto da presidência rotativa do Brasil no BRICS em 2025. Ressaltou que a reunião do Grupo de Trabalho sobre Computação de Alto Desempenho (HPC) e Inteligência Artificial (IA) configura uma oportunidade estratégica para o fortalecimento da cooperação internacional, o intercâmbio de conhecimentos e o avanço conjunto em áreas tecnológicas essenciais. Concluiu expressando o desejo de uma reunião produtiva, voltada para a solidificação de parcerias em ciência, inovação e sustentabilidade.
A delegação brasileira composta pelos servidores do MCTI, Everton Goursand de Freitas e Paulo Roberto Certo Fernandes Afonso; pelos servidores do LNCC, Fábio Borges de Oliveira e Carla Osthoff Barros; pelos servidores do CEFET, Pedro Lara e Eduardo Bezerra; e por Alba de Mello, da Universidade de Brasília (UnB), apresentou três propostas de projetos colaborativos ao Grupo de Trabalho (GT), e nenhum dos representantes das demais delegações manifestou objeção.
Confira as propostas:
• Rede Social Federada para os BRICS: Espaço público digital próprio para compartilhamento de ideias, sem dependência de plataformas externas, visando fortalecer a cooperação do Sul Global.
• Nuvem de Armazenamento para os BRICS (BRICS Cloud): Modelo colaborativo e voluntário de compartilhamento de dados, com foco na preservação das heranças nacionais e treinamento de IA alinhado às culturas dos países do bloco.
• Programa de Embaixadores do Supercomputador Santos Dumont: Iniciativa para conectar instituições brasileiras e de outros países do BRICS em pesquisas conjuntas utilizando o supercomputador Santos Dumont.
Os integrantes de cada país apresentaram o status de suas pesquisas e infraestrutura em HPC e IA:
• Brasil: Cenário nacional de IA, centros de pesquisa, principais áreas e colaborações, Plano Brasileiro de IA (PBIA) e avanços em HPC-IA, incluindo colaboração RISC-V e aplicações em nuvem.
• Rússia: Supercomputador Lomonosov-2, tópicos de colaboração (medicina personalizada, design de medicamentos, PLN, adaptação e otimização de LLMs, modelagem climática).
• Índia: Missão Nacional de Supercomputação, desenvolvimento de tecnologias nativas, aplicações em genômica, computação quântica, modelagem climática e mitigação de desastres.
• China: Atualização sobre centros e supercomputadores de HPC, foco em HPC de precisão mista para IA em ciência, e o Consórcio Global de Computação (GCC).
• África do Sul: Sistema Nacional Integrado de Infraestrutura Cibernética (NICIS), aplicações de IA, desenvolvimento em nuvem OpenStack e computação quântica.
• Emirados Árabes Unidos: Estratégia Nacional (Visão 2031), supercomputador Jubail, integração HPC em nuvem, aplicações em clima, petróleo e infraestrutura inteligente, e colaborações internacionais.
Segundo o coordenador de Programas e Projetos para a Transformação Digital, Everton Goursand de Freitas, destacaram-se o projeto da Rússia, Digital Earth, de modelagem climática, em andamento há cinco anos, e o AI for Education, da China, dividido em dois projetos: desenvolvimento de LLM para o ensino de matemática no Ensino Fundamental II e treinamento de modelos de raciocínio avançado com problemas matemáticos desafiadores, incluindo competições internacionais híbridas homem-máquina.
Para Freitas, a realização da reunião no LNCC reforça o protagonismo do Brasil e da instituição na cooperação internacional em ciência, tecnologia e inovação, projetando o país no cenário global e fortalecendo sua soberania científica.
“O evento consolida parcerias estratégicas e amplia oportunidades de colaboração entre os países do BRICS, alinhando-se às prioridades da presidência brasileira do bloco em 2025, que incluem governança da inteligência artificial e desenvolvimento sustentável”, afirmou.
Conhecendo o Santos Dumont
Durante a programação, os delegados visitaram o supercomputador Santos Dumont, atualmente o mais potente da América Latina voltado à pesquisa acadêmica e classificado na 89ª posição no ranking TOP500 mundial. O equipamento é utilizado para simulações científicas, análises complexas e aplicações de alta performance em diversas áreas do conhecimento.
“O evento foi bem-sucedido tanto nos aspectos técnicos quanto operacionais. Estamos plenamente satisfeitos com os resultados obtidos e com o elevado nível de interesse demonstrado pelo Grupo de Trabalho. Além disso, a reunião fortaleceu alianças estratégicas e abriu novas possibilidades de cooperação entre os países do BRICS, alinhando-se às diretrizes da presidência brasileira do bloco em 2025, que incluem a governança da inteligência artificial e o incentivo ao desenvolvimento sustentável”, pontuou Fábio Borges de Oliveira.
Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação