Ministra Esther Dweck destacou que ainda há uma sub-representação de mulheres no serviço público federal, em especial de mulheres negras, em cargos de decisão. Curso foi promovido pelo MGI e Enap, em parceria com o Instituto Alziras
A ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, reforçou nesta segunda-feira (22/4), o compromisso do governo na formação de lideranças femininas e no combate à misoginia e à violência contra as mulheres, com ampliação da diversidade em todas as escalas do setor público e da sociedade brasileira. Dweck destacou que esse é um foco constante de ação e que exige constante atenção, para produzir efetivos aprimoramentos. “Apesar de todas as conquistas e avanços legislativos em prol da igualdade de gênero, ainda temos uma sub-representação de mulheres, em especial de mulheres negras”, alertou no encerramento do curso “Comunicação & Negociação para Prefeitas”.
“É um compromisso da nossa gestão, no MGI, e também do presidente Lula, apoiar a formação e atuação de lideranças femininas, em especial das mulheres negras, que enfrentam ainda mais dificuldade para ocupar esses espaços de poder”, disse a ministra. Ela lembrou que apenas 12% das prefeituras brasileiras são comandadas por mulheres (e que somente 4%, por mulheres negras).
Esther Dweck citou dados do Instituto Alziras, indicando que 74 % das mulheres prefeitas já sofreram algum tipo de divulgação de informações falsas e que 66% foram alvo de ataques de discurso de ódio de plataformas de mídias sociais. Diante desse cenário, a ministra reforçou a importância de iniciativas como a do curso “Comunicação & Negociação para Prefeitas”, pelo poder de auxiliar e capacitar as mulheres a avançarem firmes no mundo da política.
“Para fortalecer a nossa democracia, para termos uma sociedade mais justa solidária e desenvolvida, precisamos enfrentar as nossas desigualdades de gênero, de raça, sociais”, completou a titular do MGI. A ministra destacou também os esforços de promoção da igualdade nos quadros federais, na missão de transformação do Estado brasileiro, sempre com foco em aumentar a capacidade estatal de atender as demandas da população brasileira. Entre diversas iniciativas, Esther Dweck citou que o Concurso Público Nacional Unificado foi elaborado com o objetivo de levar maior diversidade aos quadros estatais, permitindo construir um funcionalismo público “com a cara do Brasil”.
Participantes
A abertura do evento contou também com pronunciamento da presidente da Enap, Betânia Lemos. Na sequência, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia apresentou palestra sobre o tema “Desafios e conquistas: a evolução da participação das mulheres nos espaços de poder”. O curso “Comunicação & Negociação para Prefeitas” foi desenvolvido pelo MGI e pela Escola Nacional da Administração Pública (Enap), em parceria com o Instituto Alziras. A diretora de Educação Executiva da Enap, Iara Alves conduziu a aula de encerramento.
A ministra Cármen Lúcia falou sobre a importância das administrações para a formação de um Estado nacional. “Já escrevi uma vez que a geografia local é que faz a geografia da minha alma”, afirmou, para logo depois reforçar o conceito, dizendo que “a força cultural local é o que transforma os povos”. Sob esse contexto, comentou sobre o esforço e das cobranças redobradas impostas às prefeitas. “Para as mulheres, muito mais, porque nós estamos acostumadas e fomos educadas para cuidar. Cuidar da casa, do idoso, da criança. Portanto, quase que intuitivamente, isso faz com que se espere muito de uma prefeita, porque ela é sempre alguém que cuida. Mas este é o papel de todo nós, servidores públicos: cuidar de uma coisa que não é nossa, a coisa pública”, afirmou a ministra. “Todas as disputas foram mais difíceis para mim do que meus colegas, tanto na universidade, na Procuradoria, porque sempre tive que trabalhar mais para provar, entre aspas, que eu era igual. Esta prova um homem não precisa fazer. Nós [mulheres] pagamos pedágio”, relatou.
Cármen Lúcia ressaltou a relevância do curso, por avançar nos debates focados em democracia, igualdade, participação de todos nos processos e políticos. Destacou que esses temas ganham especial importância neste momento, diante do iminente processo eleitoral municipal. As eleições municipais de 2024 ocorrerão em todo o país (exceto no Distrito Federal e no arquipélago de Fernando de Noronha — PE), com primeiro turno do pleito em 6 de outubro e segundo turno em 27 de outubro, caso necessário, nos municípios com mais de 200 mil eleitores.
A ministra disse que iniciativas como o curso promovido pelo MGI e pela Enap fortalecem a busca de igualdade e, portanto, fortalece a democracia. “Mas é preciso que nós nos façamos respeitar e que nos respeitemos”, disse Cármen Lúcia.
Democracia
Betânia Lemos destacou que o curso faz parte das iniciativas dos programas de Formação e Iniciativas Feministas (FIF) da Enap, frente de ação alinhada às iniciativas de Formação de Iniciativas Antirracistas (Fiar). Ela lembrou da importância dos avanços dos debates sobre essas pautas, em fortalecimento da democracia. “A aula inaugural foi sobre violência política contra as mulheres na perspectiva interseccional. Foi muito importante porque aconteceu justamente dois dias depois da prisão dos suspeitos de terem mandado matar Marielle Franco. Foi muito marcante, mostrou a importância de estarmos aqui discutindo esses temas”, disse Betânia.
A diretora-executiva do Instituto Alziras, Marina Barros, ressaltou a importância do curso focada na capacitação de prefeitas, ao citar que a gestão pública faz parte do necessário processo de aperfeiçoamento da democracia e de construção de soluções para problemas do país. “Essa parceria é muito importante para nós, para podermos contribuir com essas habilidades específicas de comunicação e negociação, elemento crucial para a construção das carreiras das mulheres na política”, afirmou a diretora.
A ampliação da participação feminina nos postos de decisão é essencial no processo de construção de uma democracia verdadeiramente representativa, disse Marina Barros. “Sabemos que o Brasil figura entre os países com menor percentual de participação das mulheres nos parlamentos nacionais estaduais e municipais. Isso é um elemento que nos preocupa”, reforçou.
Competências
“O curso de comunicação e negociação para prefeitas foi desenhado para capacitar as prefeitas e vice-prefeitas em competências de liderança. Faz parte do nosso programa de formação e iniciativas feministas”, afirmou a diretora de Educação Executiva da Enap, Iara Alves. Essa capacitação começou em março. Foi a primeira iniciativa da Enap voltado somente para prefeitas.
“Com este curso, visamos desenvolver habilidades para que essas mulheres possam comunicar seus propósitos, planos, estratégias e resultados com confiança, estabelecendo uma comunicação empática, persuasiva e influente em suas negociações políticas, por meio do desenvolvimento de competências de lideranças”, explicou Iara Alves.
Fonte: Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos