Missão Novo Brasil, do Ministério da Fazenda, participou de reuniões com autoridades locais, big techs, fundos de investimento e parcerias em pesquisa de ponta para transformação ecológica
Representantes do Ministério da Fazenda (MF) concluíram, na última semana, uma série de encontros estratégicos, na Califórnia (EUA), reforçando o interesse internacional pelo modelo brasileiro de transformação ecológica. A missão abriu caminho para novas parcerias em regulação, pesquisa aplicada e atração de investimentos sustentáveis. A visita ocorreu entre os dias 10 e 13 de junho, com a participação do secretário-executivo adjunto do MF, Rafael Dubeux, e da diretora Carolina Grottera.
“A missão reforçou o papel internacional do Brasil como um dos protagonistas na construção de uma economia sustentável e digital. Estamos abrindo portas concretas para parcerias em regulação, pesquisa aplicada e atração de investimentos”, avaliou Dubeux. Os encontros ocorreram no âmbito do Novo Brasil, que é o Plano de Transformação Ecológica do governo, para garantir crescimento econômico robusto nas próximas décadas por meio das oportunidades que a economia de baixo carbono proporciona.
O governo trata a agenda como estratégica para posicionar o país como líder em diversos setores que despontam com a descarbonização da economia, tais como biocombustíveis, indústria verde, data centers, agricultura de baixo carbono, minerais críticos, entre outros. O Plano garantirá ao país, na visão da pasta, crescimento econômico sustentável de longo prazo, empregos de alta qualidade e redução das desigualdades, além de uma relação mais equilibrada e sustentável com o meio ambiente.
Cooperação com Stanford
O secretário-executivo adjunto do MF participou como palestrante, ao lado do primeiro-ministro do Butão, Tshering Tobgay, e de representantes da Comissão Europeia, da Conferência do Natural Capital Project, na Universidade de Stanford. No evento, foi apresentado o Novo Brasil – Plano de Transformação Ecológica, com destaque para instrumentos como o mercado de carbono, o Fundo Clima e as debêntures sustentáveis.
A presença no evento resultou em proposta de parceria com Stanford em três frentes: apoio técnico para políticas de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA); cooperação em biotecnologia e bioeconomia, incluindo pesquisa aplicada para descoberta de compostos, geração de valor agregado e escalonamento da produção bioeconômica brasileira; e o mapeamento de espaços de conexão para datacenters, incluindo critérios de precificação de serviços ambientais aplicados ao setor.
A delegação também visitou o MBC Biolabs, um espaço de laboratórios compartilhados para empresas de biotecnologia, que demonstrou interesse em parcerias com instituições brasileiras como o Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA) e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus.
Integração Mundial dos Mercados de Carbono
Outro resultado importante da missão foi o aprofundamento do diálogo bilateral sobre a integração internacional de mercados de carbono, tema prioritário para o Brasil na preparação para a COP 30, que será realizada em Belém (PA), em novembro deste ano. Em reuniões com o California Air Resources Board (Carb) e a California Environmental Protection Agency (CalEPA), o Brasil discutiu a experiência californiana de governança ambiental e a integração do mercado de carbono entre Califórnia e Quebec (Canadá), considerado um modelo bem-sucedido de cooperação subnacional.
Os encontros demonstraram que há interesse bilateral em aprofundar o diálogo sobre integração de mercados de carbono e cooperação institucional para avanços regulatórios. “Canadá e Califórnia têm uma integração dos seus mercados de carbono, permitindo interoperabilidade e equivalência, bem como nivelamento nas etapas de implementação e redução de emissões. O Brasil tem interesse nisso, pois pode usar como um case de sucesso para replicar no mundo, em uma proposta que está sendo preparada para a COP 30”, relatou Dubeux.
As autoridades californianas manifestaram interesse em participar da conferência e o MF articula reunião futura entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o governador da Califórnia, Gavin Newsom, para tratar do assunto.
Datacenters sustentáveis e tecnologia de ponta
A missão também avançou na agenda de atração de datacenters sustentáveis e investimentos em Inteligência Artificial (IA). Em encontros com empresas como Google X, Nvidia, Oracle e OpenAI, os representantes brasileiros apresentaram as vantagens competitivas do Brasil, como a eficiência hídrica e energética, além de políticas de incentivo, como a desoneração de equipamentos sem similar nacional, e o recém-lançado Visto Verde, voltado à atração de mão de obra qualificada.
A recepção foi especialmente positiva na Nvidia. Na ocasião, sugeriu-se que o diretor da companhia, Jensen Huang, visite o Brasil e explore possibilidades de instalação de um centro de pesquisa e desenvolvimento no país.
Com a OpenAI houve diálogo direto sobre o Projeto de Lei de Inteligência Artificial em tramitação no Congresso, com destaque para preocupações do setor quanto a restrições à propriedade intelectual e responsabilidades na cadeia de IA. Algumas empresas também apontaram desafios estruturais, como a necessidade de aprimoramento das redes de cabos submarinos no país.
Investimentos sustentáveis
A missão incluiu ainda reuniões com fundos de venture capital, como Lowercarbon Capital e New Enterprise Associates (NEA), com foco na promoção do ambiente de investimentos sustentáveis no Brasil. Segundo a diretora Grottera, a agenda brasileira despertou interesse, especialmente pelas oportunidades geradas pelo Plano de Transformação Ecológica e por instrumentos como Eco Invest Brasil, Fundo Clima, mercado de carbono e debêntures sustentáveis, entre outros. “Outro ponto que chamou atenção desses fundos foi o cenário macroeconômico favorável do Brasil, com o novo arcabouço fiscal, a reforma tributária, o controle da inflação e os marcos legais para garantias, seguros, energia e hidrogênio”, salientou.
Próximos passos
Rafael Dubeux destacou que a missão obteve amplo sucesso em seus objetivos. Agora, os próximos passos são intensificar a articulação para a presença da Califórnia na COP30, além de avançar nas parcerias com Stanford em pesquisas de ponta sobre tecnologias de baixo carbono e na estratégia de adensamento tecnológico nacional. “Também vamos tratar da possível visita do CEO da Nvidia ao Brasil e buscar o aprofundamento do diálogo sobre regulação de IA com as big techs”, acrescentou o secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda.
Fonte: Ministério da Fazenda
