Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estão presentes nas nove grandes áreas do conhecimento reconhecidas pela CAPES/MEC. Os organizadores do capítulo 4 do livro Impacto da Pós-Graduação Brasileira na Agenda 2030: Contribuição da CAPES para a COP 30 na Amazônia destacaram nove projetos, um de cada, dentre mais de mil enviados pelos programas de pós-graduação.
Coordenadora do capítulo, Tania Bresolin afirma que a seleção priorizou trabalhos “que envolvessem ao menos um ODS nas dimensões econômica, social e ambiental”. Segundo a professora da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), “as 50 áreas de avaliação participaram, enviando cerca de 1.100 projetos”.
Um dos projetos destacados envolve os 17 ODS estabelecidos internacionalmente pela Organização das Nações Unidas (ONU) e os três complementares do Brasil (igualdade étnico-racial; arte, cultura e comunicação; povos originários e comunidades tradicionais). Trata-se do Programa Pé-de-Pincha, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que tem sido noticiado por mais de duas décadas.
Destaque da grande área de Ciências Agrárias, o trabalho envolve mais de 25 anos de conservação de quelônios (tartarugas, cágados e jabutis) de base comunitária na Amazônia. De 1999 a 2024, mais de 11,5 milhões de filhotes desses animais foram devolvidos à natureza e mais de 2,5 mil professores de escolas municipais foram capacitados.
Os outros projetos (e suas respectivas grandes áreas e instituições coordenadoras) são:
- Ciências Biológicas: Eliminação da filariose linfática como um problema de saúde pública no Brasil, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Pernambuco;
- Ciências da Saúde: International Center for Equity in Health (ICEH), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel);
- Ciências Humanas: Guia prático para simulações (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável Agenda 2030), da Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho (Unesp);
- Ciências Sociais Aplicadas: Atendendo ao povo das águas (APA), da Universidade Federal do Rio Grande (Furg);
- Linguística, Letras e Artes: Projeto LER – Círculos de Leitura e escrita com refugiados e migrantes, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas);
- Ciências Exatas e da Terra: Plataforma de apoio à tomada de decisão com indicadores ambientais para Floresta Amazônica – estudo de caso no Estado do Acre, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG);
- Engenharias: Expedição científica do Baixo São Francisco, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal);
- Multidisciplinar: Microrganismos promotores do crescimento de plantas visando à sustentabilidade agrícola e à responsabilidade ambiental, da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Os autores fazem uma análise reflexiva sobre os projetos. “A pós-graduação tem o potencial de contribuir para o alcance dos ODS em três direções: (i) por meio da investigação, produção de dados, inovação ao setor privado; (ii) elaboração de estratégias e fomento de políticas públicas; e (iii) planificação governamental”, escrevem.
Na parte da conclusão, propõem uma forma de atuação para as instituições de ensino e pesquisa. Para eles, é importante que “as universidades tenham um papel construtivo, atuando não só para alcançar o que se entende por desenvolvimento sustentável, mas também para questionar, deliberar e reformular, progressivamente, a própria noção acordada internacionalmente de desenvolvimento sustentável”.
Composta por 248 páginas e dividida em oito capítulos, a publicação destaca projetos e ações relacionados à temática nas nove grandes áreas do conhecimento. O trabalho foi organizado por Carlos Alberto Cioce Sampaio, Soraia de Queiroz Costa, André Brasil, Gabriela da Rocha Barbosa e Roberta Giraldi Romano. O livro é uma forma de contribuição para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), a ser realizada em Belém (PA) entre 10 e 21 de novembro.
Fonte: CGCOM/CAPES