FOTO – Wesley Souza (MCTI)
As inscrições para a Imersão Científica 2023, do Programa Futuras Cientistas, foram prorrogadas até a próxima segunda-feira (17). A iniciativa é do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Estão sendo ofertadas 470 vagas em todo o Brasil para a rede pública de ensino, destinadas a alunas do 2º ano e professoras do ensino médio. Para participar, as interessadas devem preencher um formulário disponível no site gov.br/cetene e verificar as demais documentações solicitadas no edital. As candidatas selecionadas receberão um auxílio de R$483 e material de apoio.
Em 2023, diversas outras unidades de pesquisa do MCTI abrirão seus laboratórios para as atividades. É o caso do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, São Paulo, um dos maiores centros de pesquisa da América Latina. Lá, os temas vão de matemática aplicada e computacional até a bio e a nanotecnologia. Germinação de soja, análises microestruturais ou de dados e projetos sustentáveis também integram o escopo. “Isso para ilustrar. São 108 planos de trabalho. Dá pra imaginar a infinidade de áreas e experimentos a serem realizados?”, provoca a diretora do Cetene, Giovanna Machado, criadora do programa.
Criada em 2012, a Imersão Científica é uma atividade pioneira, que insere meninas e mulheres em laboratórios de pesquisa para compreenderem, na prática, o cotidiano de uma cientista e da atividade científica. “Muitas meninas não pensam neste campo de atuação porque não se veem representadas nele. Não sabem que ele é um espaço também para elas. Entrar em um laboratório é apaixonante. Então, nós damos esse empurrãozinho”, comenta a criadora do Futuras Cientistas. Nestes 10 anos, 205 meninas foram contempladas pelo programa. Estima-se que 70% das participantes foram aprovadas no vestibular e, deste montante, 80% escolheram áreas de C&T.
É o caso da bióloga Rayssa Guedes, que participou da primeira edição da Imersão Científica, em Pernambuco. “Eu não acreditava que um cientista poderia ser alguém como eu”, relembra Rayssa, que pretendia cursar Direito quando uma professora a incentivou a se inscrever no Programa Futuras Cientistas. “Apesar de ter sido uma criança curiosa e ter essa paixão pela Ciência, venho de uma família com recursos financeiros limitados. Meus pais, por exemplo, não chegaram a cursar o ensino superior. Não tiveram a mesma oportunidade que eu tive”, completa a ex-participante, ao apontar também a falta de referências, sobretudo femininas.
Mestre em Ciências Biológicas, Rayssa atua hoje no Laboratório de Diagnose Fitossanitária (Ladif), do Cetene, onde desenvolve pesquisas para verificar a fidelidade genética de espécies da cana-de-açúcar produzida pela biofábrica da instituição e pesquisa tratamentos para doenças que acometem a cultura de importância comercial para o setor sucroenergético da região Nordeste e para o Brasil. “Essa oportunidade me permitiu vivenciar, pela primeira vez, o cotidiano de uma pesquisadora, e enxergar que eu poderia ser tudo aquilo que queria. Isso mudou a minha trajetória. O Futuras Cientistas foi o primeiro passo para tudo que sou hoje e ainda posso ser.”
A imersão será promovida nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Para a maioria, a atividade será promovida dos dias 3 a 31 de janeiro. As exceções são os estados do Acre, com atividades programadas de 20 de janeiro a 17 de fevereiro, e do Pará, de 6 a 24 de fevereiro; considerando o calendário letivo de ambas unidades federativas. Das vagas disponíveis, 160 são destinadas a alunas matriculadas em escolas regulares, 160 destinadas a estudantes de tempo integral, semi-integral ou do ensino técnico. As docentes contarão com 150 vagas e, no escopo geral, 10% das vagas são destinadas preferencialmente a pessoas com deficiência.
Fonte: MCTI
